sábado, 18 de abril de 2009

Na crônica que escrevi abaixo, acabei revelando uma característica da minha personalidade: eu misturo várias religiões. Ainda não cheguei à conclusão se sou confusa ou apenas aberta a todo tipo de estudo sobre espiritualidade, mas o fato é que acho todas as visões sobre o tema muito interessantes e pouco contraditórias entre si. Os que são absolutamente avessos a qualquer tipo de crença, procurem refletir: se o mundo espiritual não existir, e tudo isso for fruto da insegurança humana diante da morte, há que se reconhecer pelo menos que a imaginação e a criatividade humana são simplesmente fantásticas.

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Que sou uma pessoa extremamente crédula e aberta a qualquer um que venha pregar a palavra de Deus pra mim, isso é fato. Serei eu também uma presa fácil para os falsos videntes?
Toda essa questão de pais e mães-de-santo que prometem trazer a pessoa amada em três (ou dois) dias me fez lembrar uma série que o Fantástico apresentou há alguns anos, chamada Operação bola de cristal. Nesta série, um ator foi treinado por um mágico e por um parapsicólogo para se passar por falso vidente, aprendendo técnicas de como ler o visual da pessoa para deduzir coisas sobre ela (leitura fria), usar informações que a própria "vítima" soltou sem que ela perceba e dizer frases que servem pra todo mundo, como:

* Você planejou coisas na infância, e muitas delas não conseguiu realizar;
* Em alguns momentos você se sente incompreendido;
* Em alguns momentos você se sente sozinho;
* Pessoas egoístas te aborrecem;
* Alguém te decepcionou

Sim! Alguém te decepcionou!! Quem nunca passou por isso?? Qualquer um já sofreu uma decepção. Mas por que toda a platéia ficou convencida dos poderes extraordinários do ator? Porque sentiu que ele compreendia seus dramas. E é isso que uma pessoa que procura esse tipo de serviço quer. Não importa muito se o cara é um charlatão, importa encontrar alguém que entenda tanto seus problemas que pareça adivinhá-los antes mesmo que sejam ditos. E que problemas são esses? O parapsicólogo responsável pela orientação do ator enumerou três: dinheiro, saúde e amor. É, mas aqui no Rio de Janeiro não vemos ninguém dizendo: "seu emprego de volta em três dias" ou "curo seu familiar imediato". Sim, são brigas difíceis demais de comprar. Ou talvez, a procura por ajuda desse tipo seja pouca, afinal, com um pouco de disposição para distribuir curriculos, o emprego pode vir, e um bom médico pode tratar um doente com sucesso. Mas, e nos casos de decepção amorosa? A quem recorrer? A fragilidade que torna o ser humano incapaz de lidar com a rejeição da pessoa amada acaba sendo a brecha para que pessoas honestas ou não se proponham a entrar em contato com o mundo espiritual para ajudá-las. Em troca, é claro, de um certo valor em dinheiro.



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